O bom filho à casa torna

Os Arctic Monkeys voltaram pra Sheffield – essa cidade pequena, no norte da Inglaterra, é onde eles cresceram e formaram a banda. Eles estão lá desde meados de dezembro e têm trabalhado sem pressa em um novo disco – foi o que o próprio Alex Turner disse para o jornalista Shamir Masri, da BBC local.

Há quem diga que eles ficaram americanizados, morando em Los Angeles e viajando o mundo em turnês – de fato, o sotaque inglês nortista foi suavizado. Por isso, essa volta às origens para trabalhar em um disco novo aumenta ainda mais as expectativas em torno do álbum. O último lançamento do Arctic Monkeys foi o aclamado AM, de 2013 (pois é, já faz tempo!). Estamos aguardando o disco novo ansiosamente. 😉

Enquanto isso, de volta às suas casas e à sua cidade natal, a banda aproveita para rever família e amigos e, como bons ingleses, beber nos pubs locais (imagina que louco você estar num barzinho qualquer do bairro e dar de cara com o Alex Turner).

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Fonte: Consequence of Sound

Se prepara: já dá para ouvir o disco póstumo do Sabotage (e está incrível)

É o enxame, é a zica. Lula tinha acabado de virar presidente do Brasil. A novela das oito era Mulheres Apaixonadas. A Gaviões ganhou o carnaval. O celular era o Nokia azul com tela preto e branco e jogo da cobrinha. O programa Pânico era a novidade do ano. A Roberto Marinho ainda chamava Água Espraiada. Nesse ano de 2003, na manhã do dia 24 de janeiro, o rapper Mauro Mateus dos Santos, que só tinha 29 anos, levou 4 tiros nas costas e morreu.

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Com apenas um disco lançado, o Sabotage já era uma lenda. O álbum “Rap é Compromisso”, de 2001 estourou no Brasil inteiro, foi louvado pelos grandes Racionais MCs e influenciou todo mundo que gostava de rap. O Maestro do Canão, que falava sobre o Brooklin, a zona sul de São Paulo e tinha um cabelo inesquecível; que tinha rimas fortes de protesto e ao mesmo tempo gostava de Sandy & Junior, aparecia na TV e achava que o rap tinha que ser menos marrento e abrir a cabeça; marcou a história da música e do hip hop no país.

13 anos depois da sua morte, finalmente temos o álbum póstumo do Sabotage. Ele tinha começado a gravar o disco logo antes de ser assassinado. E agora, com ajuda de amigos e parceiros musicais das antigas, o disco com 11 músicas inéditas ficou pronto. Esse disco é considerado o Chinese Democracy do rap. Muita espera, muita expectativa. E felizmente o álbum não decepciona:

O disco homônimo conta com a participação de Tropkillaz, DJ Nuts, o rapper Shyheim (do Wu-Tang Clan), Instituto, Lakers, Negra Li, Daniel Ganjaman, DBS, DJ Cia, Rappin’ Hood, Funk Buia, Duani, Quincas, Dexter, Fernandinho Beat Box, Mr Bomba, Rodrigo Brandão, Sandrão, BNegão e Céu. Alguns já tinham participado do primeiro disco do Sabota e Daniel Ganjaman e o Instituto, aliás, foram responsáveis pela grande volta de Criolo com seu segundo disco Nó na Orelha, quando o rapper que também é da zona sul paulistana estava quase desistindo da música.

E a homenagem não poderia ser mais honrosa. No meio de algumas faixas podemos ouvir sonoras dos jornais da época cobrindo a morte do rapper, o que é bastante doloroso, mas soa interessante. O disco é lindo, surpreendente, nostálgico sem soar velho – muito pelo contrário. As músicas não poderiam ser mais atuais e as rimas ainda fazem todo sentido nesse ano tão esquisito e sombrio que está sendo 2016. O que nos faz refletir que de 2003 para cá as coisas não mudaram tanto assim…

E hoje à noite, às 20h55, o Spotify vai fazer uma transmissão especial ao vivo no Facebook com audição do álbum e presença da família do Sabotage e dos grandes músicos que trabalharam no disco. Confira o evento e participe.

Vale demais a pena ouvir esse álbum, você goste de rap ou não. É um disco emblemático para a cultura brasileira. Como dizia Karol Conka: “salve Sabotage, MC de compromisso, cumpre seu papel no céu que aqui a gente te mantém vivo”.

Você já se apaixonou em um festival?

Acredita em amor à primeira vista? A gente acredita. E, hopeless romantics que somos,  já nos apaixonamos em shows e festivais de música. Afinal, a música tem um grande poder de unir as pessoas; e ver um gatinho na fileira do lado cantando a plenos pulmões a música da sua banda preferida é um grande incentivo. 😉

libertinesO Popload Festival está chegando e vai fazer a alegria de muita gente trazendo finalmente o Wilco para o Brasil! A última vez que eles tocaram por aqui foi há mais de uma década, em 2005 (é, o tempo voa). Os fãs de Libertines também vão poder ver a banda com a formação completa e original pela primeira vez no país, já que na primeira turnê, em 2004, Pete Doherty não veio.

Para esquentar enquanto o festival não chega, ficamos ouvindo a playlist oficial do Popload Festival no Spotify, nos inspiramos e criamos uma playlist nossa que conta uma historinha: os títulos das músicas em sequência vão representando todas as fases de um relacionamento, desde o primeiro encantamento e a fase em que o casal se apaixona até o rompimento e o final, quando os dois voltam a ser estranhos.

Será que todo relacionamento acaba seguindo essa mesma velha história?

Pensamos em um cara na bad, analisando como estragou um relacionamento antigo, querendo voltar mas vendo que já era – é o fim. Enquanto isso, nos preparamos para talvez nos apaixonarmos de novo no Popload Festival 😍

Não Toco Playlists

Mentira, tocamos sim! A gente sempre gostou de uma boa playlist aqui no Não Toco Raul. Sempre tivemos a nossa rádio, sempre pedimos para os entrevistados indicarem músicas bacanas para vocês ouvirem; nós também indicamos sons e fizemos até o desafio “um disco por dia” – que ainda está rolando na nossa fanpage, #ficadica! 😉 E já teve até entrevistado que nos obrigou a…tocar Raul. Sério.

Mas na hora de montar uma playlist que fosse a cara do blog a gente ficou meio bolado…afinal, a equipe do NTR é feita por pessoas muito diferentes, que têm gostos musicais diferentes; e o blog sempre teve espaço para todo tipo e estilo de música, indo literalmente do funk ao punk. Então decidimos listar canções que estivessem ligadas aos nossos textos, que tivessem a ver com os nossos posts e tudo que colocamos aqui, sempre feito com muita alma, muito amor e carinho (ooown!). Acabou virando uma coletânea “The Best Of NTR”, nossa sessão nostálgica destes mais de 4 anos de blog e de tudo de bom que já fizemos por aqui – grandes entrevistas, descobertas, discos, shows, zoeiras, reflexões e sempre a paixão pela música acima de tudo.

Confira a playlist do NTR no Spotify e descubra abaixo por que essas foram as músicas escolhidas!

EDER OLIVEIRA
Diet Mountain Dew – Lana Del Rey
Esta música está em um dos primeiros posts do blog. A Lana Del Rey estava no auge do seu hype e foi o texto de estreia da seção “Todos menos eu”.

Generator – Foo Fighters
O Foo Fighters é minha banda preferida. Apostei que eles não iriam tocar essa música no show do Lollapalooza, em 2012. Mas eles surpreenderam e tocaram Generator e mais uma porrada de outras músicas menos famosas.

Umabarauma
Fui buscar a história dessa música esperando uma super odisseia e acabei caindo na zoeira do Jorge Ben. A maioria de suas músicas são sobre histórias banais, comuns, do dia a dia, feijão com arroz – e isso é muito foda.

Just Ain’t Gonna Work Out – Mayer Hawthorne
Esse cara foi um meus melhores achados dos últimos anos, junto com o Rival Sons (que provavelmente vai estar na playlist também). Soul de primeira linha.

Blame It On The Boogie – The Jacksons
O Michael Jackson aparece em vários dos nossos textos e eu gosto.

Foi Preciso Você – Wilson Sideral
Talvez essa seja a música que menos tenha a cara do NTR – porém, ela foi o single do último disco que estava prestes a ser lançado. Eu escutei muito Sideral quando comecei a tocar e pra mim foi muito foda falar com o cara. Ele é um baita músico e compositor e já chegou a figurar o “mainstream”.

 

TADEU MORARI
Until The Sun Comes – Rival Sons
Como mencionado pelo Eder, melhor banda descoberta nos últimos 10 anos. Especial porque consegui ir a um show de graça, depois de ter meu nome na lista colocado pelo baterista da banda. Foi tema de um episódio do nosso finado e querido Não Pod Raul, podcast de playlists que pode (ou não) voltar no futuro.

This Must Be The Place – Miles Fisher (cover)
Uma daquelas junções de música e cinema que eu adoro, essa cover tem um clipe que faz uma homenagem ao filme Psicopata Americano, que é bem o que eu fiz muitas vezes com wallpapers na seção Right Track.

Surreal – Scalene
Um dos últimos convidados do site e bem especial, o vocalista da Scalene – que hoje é uma banda nacionalmente famosa, mas nessa época ainda não estava nos spotlights. JÁ CURTIA ANTES DE SER MODINHA, NÉ MÊO. (P.S. Sou amigo dele no Facebook! 😉)

Hey Jude – The Beatles
Beatles sempre foi tema recorrente no blog, não requer muita explicação, mas essa música em especial caiu como uma luva nesse texto que é o meu preferido que fiz pro NTR.

Alive – Pearl Jam
Bela origem nessa história meio dark de uma música perfeita, que as pessoas conhecem e cantam sem pensar direito na letra.

Adeus Você – Los Hermanos
Mais uma banda preferida com um dos meus filmes preferidos de todos os tempos. E só quero citar aqui (pra irritar o Danilo) que fui no festival SWU só pra ver Los Hermanos; e fui pra tenda dormir na hora de Rage Against the Machine.

 

DANILO VITAL
For Once In My Life – Steve Wonder

I Can’t Take My Eyes Off Of You – Lauryn Hill

I Don’t Wanna Miss A Thing – Aerosmith

Bang Bang – Green Day

Rude – Magic!

Slut Like You – P!nk

Escolhi as músicas dos meus posts que achei mais legais e quis formar uma “historinha” com o título de cada música na sequência.

 

BÁRBARA MONTEIRO
Vacilão – Emicida
Essa foi a primeira música do Emicida que eu escutei na vida; e isso já faz tempo, hein. Me ganhou de cara e desde então sempre gostei das músicas dele, das letras espertas, dos samples, do esquema DIY, de como ele cresceu e desenvolveu sem som. Passei a ouvir muito mais rap e hip hop depois de virar fã do Emicida. Me abriu a cabeça pra muita coisa. A gente também brincou que uma playlist do NTR tinha que ter pelo menos uma música do Emicida e escrevi sobre ele em um dos meus posts mais recentes, quando pude acompanhar o cara de perto em um evento do Spotify. Continuo sendo muito fã, é um artista brilhante.

This Lonely Morning – Best Coast
Meu post de estreia no NTR, em 2012. É a banda mais bairrista do mundo, ganham do rock gaúcho. E é uma banda que eu gosto muito, liderada por uma garota. Essa música foi lançada mais de um ano depois, mas virou uma das minhas preferidas deles. Menção honrosa na playlist!

Rock’n’Roll Queen – The Subways
Os Subways são a banda mais underrated do mundo! É uma puta banda, são incríveis ao vivo, mas não têm a fama que merecem. Essa canção, entretanto, foi um grande hit. Eu cheguei a viajar só pra ver show deles. Infelizmente, nunca vieram para o Brasil. Na Inglaterra eu entrevistei a Charlotte Cooper, baixista do power trio, e tive a rara sorte de não me decepcionar ao conhecer um ídolo. Ela é demais e depois de conhecê-la virei mais fã ainda. Muito amor! Acho que essa é a entrevista que eu mais gostei de fazer na minha vida.

A Nuvem – Garotas Suecas
Sou muito fã dessa banda, orgulho nacional…e os acompanho desde o início. Desde o comecinho mesmo! É uma década de tiete, minha gente! A Irina é incrível, compõe, canta, toca, sabe muito de música e arte e mais uma vez tive a sorte de admirar uma artista e não me decepcionar quando a conheci – muito pelo contrário! Sim, eu entrevistei muitas mulheres e acho importantíssimo dar mais espaço para elas na música – eu também sou musicista e sei bem como essa indústria ainda é machista, então segura aí que da minha parte da playlist, de 6 músicas, 5 serão de mulheres fodas. E a Iri é uma delas, linda demais por dentro e por fora. Aliás, nessa canção ela canta e também tem uma participação especial da rapper Lurdez da Luz, que também é demais! Muito amor.

Chester, Cheese, Onion – Medialunas
Essa banda (na verdade, uma dupla) é simplesmente maravilhosa. Nem sei quantas vezes escutei o disco deles, de tanto que eu gosto. A Medialunas é Formada pela Liege, que eu tive a honra de entrevistar; e o Andrio. Eles têm uma porrada de bandas (e fizeram parte de muitas outras) e todas são boas: Medialunas, Hangovers, Loomer, Superguidis…a nata do rock independente brasileiro! Também são pessoas incríveis, além de grandes músicos.

Holiday – Penélope (Érika Martins)
Pode acreditar, você com toda certeza já ouviu alguma música com vocal da Érika. Até porque é ela a garota que queria quebrar o nariz do locutor no mega sucesso “A Mais Pedida”, dos Raimundos, que todo brasileiro sabe cantar de cor. Ela era a líder do Penélope, que fez bastante sucesso nos anos 90 (o grande hit deles foi Holiday) e até tocou no Rock in Rio. Ela agora integra outra banda que eu amo e que acho que é um tesouro nacional: os Autoramas. Também tive a sorte e a honra de entrevistá-la para o NTR e virar ainda mais fã.

Vamos falar sobre música?

Em uma era em que as pessoas morrem de preguiça de ler e bufam ao ver um “textão” passando pela timeline, vejo cada vez menos sites e blogs falando sobre música de verdade. O que temos é uma pilha de releases, fotos e vídeos que mais parecem assessoria de imprensa do que qualquer outra coisa. É função do jornalismo cultural divulgar bons artistas? Sim. Mas que falta faz uma boa reflexão sobre música e arte, textos mais profundos e até mesmo uma divulgação mais rica desses bons artistas. Que falta faz opinião, uma entrevista diferente, artistas falando o que realmente pensam, aquilo que faz o olho brilhar, que inspira. Além da era da preguiça de ler e de debater, vivemos a era do streaming e dos singles. Mais uma vez a indústria musical se reinventa, assim como se reinventa o nosso jeito de ouvir, descobrir e consumir música. Mas calma, calma, não criemos pânico. Afinal, a música nunca vai acabar.

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Foto: Update or Die!

E foi esse o mote do primeiro Spotify Talks, projeto incrível que reúne gente boa para falar sobre música, debater, refletir, questionar. A primeira edição, que rolou ontem no escritório do Spotify no Brasil, tinha como tema “O contraponto do mainstream”. Os músicos convidados foram Céu, Emicida, Mahmundi e Lucas Santtana; e a mediação foi feita pelo jornalista Alexandre Matias – dono do genial Trabalho Sujo, que começou impresso e se tornou um dos primeiros sites dedicados à música e ao jornalismo cultural no Brasil, em atividade desde os anos 90 – e hoje uma grande referência.

Com essa banca da pesada, não tinha como o papo dar errado. Tive a honra de poder acompanhar a conversa in loco e o encontro rendeu…várias pérolas e histórias boas. Lucas Santtana (atenção: não confundir com Luan Santana!) é um baita artista (muito underrated, aliás…OUÇAM) que começou na era do analógico e das grandes gravadoras controlando geral, viu a chegada do Pro Tools e da internet e passou por todas as mudanças da indústria. A Céu começou em 2005, quando todo mundo passou a baixar MP3, o Myspace bombava e se dizia que a indústria musical ia morrer. Emicida veio logo em seguida e explodiu como rapper depois de seus vídeos em batalhas de MCs bombarem no Youtube, vendendo CDs baratinhos que ele mesmo fazia à mão em casa. E Mahmundi é a mais contemporânea e jovem deles, começou sua carreira musical já online, surfou na onda do hype e conta que lançar um disco físico é, hoje em dia, um luxo.

Confira abaixo alguns dos depoimentos mais bacanas dessa primeira edição do Spotify Talks e, enquanto lê, que tal ouvir esses quatro artistas incríveis? Dá o play! 😉

“Em 2006 eu tinha um blog porque sentia que só com a música e a letra eu não conseguia falar tudo que eu queria. Foi uma forma de me aproximar do público, de dialogar. Também fez crescer minha base de fãs. Eu coloquei no meu blog o áudio separado das minhas músicas para download. Era possível baixar só a bateria, só a guitarra etc. Aí as pessoas podiam remixar e fazer a versão delas da música. Depois, eu postava esses remixes.” – Lucas Santtana

“Comecei trabalhando no Circo Voador como técnica de som, montando show. Aliás, fiz show de todos esses senhores aqui (Céu, Emicida e Lucas Santtana). Em 2010, montei um DVD da Pitty e pensei: ‘tá bom de montar show pros outros, né? Agora quero fazer o meu’. Eu queria produzir. Gravava em casa com amigos, gente da minha idade, em uma placa de 2 canais. Subi as músicas no SoundCloud e de repente a ‘Calor de Amor’ ficou hype o suficiente para chamar a atenção das pessoas.” – Mahmundi

“Minha geração tem uma legião de artistas talentosos pra caramba, mas sem ambição mercadológica nenhuma. Só que desde o começo entendi que, se eu me envolvesse com a bilheteria, com o business, era uma forma de cuidar melhor da minha arte. A gente precisa se organizar para ser dono das coisas que a gente cria.” – Emicida

“Quando comecei minha carreira, em 2005, era uma época muito nebulosa para a música. Parecia que a música já não valia mais nada. Os contratos das gravadoras eram esquisitos e engessados…então desde o primeiro disco eu decidi ser independente. Hoje, tenho contrato com uma gravadora.” – Céu

“Na época das batalhas eu nem tinha computador em casa. Chegou um amigo meu e falou que eu tinha um milhão de views no YouTube. E eu: ‘e daí, mano?’. Só depois fui me ligar no poder da informação e aí pra divulgar o show a gente colocava no flyer assim: ‘rapper que já conquistou 1 milhão de views no site de vídeos YouTube’. Na época a gente ainda tinha que explicar que o YouTube era um ‘site de vídeos’ (risos)! Aí lotamos uma festa com 300 pessoas e começamos a vender os CDs que a gente fazia à mão em casa. No começo, custavam R$ 3,00. Aí eu pensei: vou vender por R$ 2,00, facilitar o troco. Deu certo, vendeu mais. Vendia CD no trem, andava atrás das pessoas fazendo freestyle, fazia as capinhas de papel craft com carimbo.” – Emicida

“No começo da minha carreira eu não tinha empresário, então criei o ‘João Fortes’. Ele tinha e-mail e vendia meus shows. Mas na hora de falar no telefone deu problema (risos). Eu devia ter inventado uma empresária e colocar minha esposa pra atender o telefone.” – Lucas Santtana

“Eu também não tinha empresário e inventei o ‘Leandro’ para ser meu assessor e vender meu show. Eu até fazia uma voz diferente no telefone. O jornalista Mateus Potumati, da Revista Soma, foi o único que me desvendou. A gente tinha combinado de se encontrar numa estação de metrô para uma entrevista e 5 minutos antes ele ligou pro ‘Leandro’ para saber se ele também ia. Tentei disfarçar, mas cheguei no metrô rindo sem parar e me entreguei.” – Emicida

“Engraçado que, quando um artista faz sucesso lá fora, recebe mais atenção aqui no Brasil. Comigo foi assim. Isso acontece mesmo.” – Céu

spotifytalks-01“Eu lembro que meus amigos eram todos punks e estavam felizes porque as gravadoras estavam falindo. Mas, o que o mercado formal perdeu, o artista independente não ganhou. A gente cresceu vendo Leandro e Leonardo ganharem disco de ouro na televisão e, quando chegou a nossa vez, putz…as pessoas não compram mais CD nem ingresso.” – Emicida

“Minha ideia sempre foi criar um mercado novo. Eu ganhei o Prêmio Multishow com um single 100% caseiro e independente! Quando a gente é mais novo, pensa: ‘ai, não vou me vender’. Mas depois trabalhei com várias marcas. Quis me vender mesmo, porque queria que a minha arte chegasse mais longe. Para mim foi uma vitória produzir meu disco e trabalhar com gente da minha idade, nova no mercado.” – Mahmundi

“Meu próximo disco vai se chamar ‘Modo Avião’ porque eu sinto essa necessidade de me desligar. Sou muito ativo na internet, gosto de postar no Twitter e no Instagram, mas o Facebook já virou deprê e percebi que quando acordo, meu celular é meu despertador e antes mesmo de tomar café eu já leio todos os e-mails, mensagens, WhatsApp…porra, eu nem tomei café ainda, sabe? Isso me deixa acelerado. Quero lançar o disco junto com uma instalação de uma artista plástica – não posso contar quem é ainda – e vamos ter um local de suspensão para as pessoas ouvirem o disco ali e terem uma experiência diferente, se desligarem e prestarem atenção na música. Vai ser uma experiência mais humana.” – Lucas Santtana

“Eu tô muito otimista com o caminho que a música vem tomando. E também bem feliz de participar deste momento, entender que é um mercado que é possível, que posso produzir meus discos.” – Mahmundi

“Também me sinto otimista. Hoje a gente tem ferramentas e múltiplas oportunidades. Ainda mais no Brasil, que é um país tão fértil e criativo. A música não tem como acabar.” – Céu

“Acredito que a música  e a arte brasileiras têm um papel importante em trazer otimismo nesse momento tão sinistro que estamos vivendo no país. A arte funciona como um oásis no meio disso tudo.” – Emicida.

“Teve um tempo em que eu peguei bode de escutar música, preferi ficar em silêncio lendo, devorei vários livros. Mas aí com o Spotify tem as descobertas da semana, que pra mim foi uma ferramenta super interessante para conhecer coisas novas!” – Lucas Santtana.

“Eu gosto muito de ver os ‘artistas relacionados’ nas plataformas de internet. Sempre acertam, descubro muita coisa boa.” – Céu

“Eu já gosto de pesquisar no sebo mesmo. Acho muitos discos e descubro muitos artistas assim.” – Emicida.

E você? O que acha que vai ser da música daqui pra frente? Será que os artistas independentes e alternativos podem transitar pelo mainstream? Como você descobre novos artistas e como você consome música hoje? O Spotify Talks vai continuar com mais temas e conversas. Já estamos ansiosos pelos próximos insights! Vamos falar sobre música?

Na contramão do mainstream: o pop feminista de Meghan Trainor

Toda mulher já passou por isso. Infelizmente, é uma situação muito comum. Imagine a cena: você está dançando em uma festa, despreocupada, quando um cara chega puxando seu braço. A princípio você se assusta, tenta se esquivar, o cara continua puxando e te segurando com força – às vezes até te machuca. É aquela típica abordagem machista de balada que mais parece do tempo das cavernas. E, se você fala “não”, o babaca não aceita e ainda insiste! Esse tipo de assédio tira qualquer uma do sério e foi a inspiração para a cantora pop americana Meghan Trainor escrever a canção “No”, seu último hit:

A música toda é sobre um cara chato que não aceita o “não” e não deixa a garota em paz quando tudo que ela quer é dançar e se divertir. Mas a música não é um lamento: é empoderadora, é um chamado para que todas as garotas se unam, sejam mais fortes e digam o “não” com firmeza e segurança, sem medo, reagindo e se protegendo dos babacas. É um pop feminista e de protesto que pode sim trazer alento e influenciar positivamente muitas garotas – principalmente as mais jovens.

Meghan Trainor não é novata na arte do “pop de protesto feminista” – ela é autora do mega hit “All About That Bass”, que estourou no mundo inteiro em 2014 e virou um hino contra a gordofobia e os padrões de beleza insanos que levam tantas garotas a adoecerem com distúrbios alimentares e psicológicos. É pop, é grudento, é até clichê. Meghan é americana, branca e jovem. Mas quebra padrões sim e traz representatividade por ser ela mesma plus size, autora de suas próprias canções, guitarrista e reconhecidamente uma grande cantora e compositora, além das suas letras feministas. Ah, ela tem só 22 anos. E começou como uma artista independente, gravando suas músicas na raça em casa, fazendo seus próprios discos sem gravadora e ralando muito até conquistar o estrelato. Alguns de seus versos podem até soar bobinhos, mais do mesmo, um pouco rasos…mas imagine o quanto podem significar para uma garota de 15 anos – e o quanto podem abrir caminho para reflexões importantes e servir como um primeiro contato de adolescentes com o feminismo. E outra: é música pop, mensagem acessível, simples e direta, que gruda na cabeça. A intenção é essa mesmo.

Ok, você ainda pode questionar a relevância de Meghan e até mesmo a capacidade do pop como música combativa, sendo que o gênero é o mais mainstream do mundo. Mas um pop com conteúdo pode sim ser um contraponto do mainstream e trazer alguma reflexão para as massas – e até quebrar barreiras bastante significativas. Que o diga a rainha do pop, Madonna, que revolucionou o mundo com sua música nos anos 80 (não se esqueçam de todos os tabus que ela quebrou e de toda a sua influência, que é sentida até hoje na música, na moda, na liberdade sexual e de expressão e no combate à intolerância). Se as letras feministas de Meghan inspirarem uma só garota que seja, já teremos um grande avanço na nossa sociedade ainda tão machista. E ela com certeza já atingiu milhões. 😉

Confira algumas canções de Meghan Trainor e repare na letra. Separei as mais interessantes (e feministas) para vocês:

NTR Convida #56 – The Fingerprints

Os nossos convidados de hoje são os integrantes da banda The Fingerprints, de Santo André. A banda foi formada em maio de 2014 por May Dantas (vocal e guitarra), Felipe Gasnier (guitarra), Tales Lobo (baixo) e Daniel Cardoso (bateria). Eles tocam punk rock rápido, distorcido e sujo, com muita influência de grunge também. A própria banda define seu som como “guitarras bem sujas, vocal feminino rasgado e uma forte presença e energia no palco”.

Os integrantes se conhecem há anos e sempre tocaram juntos de brincadeira, até decidirem levar a sério, investir em músicas autorais e shows.

O nome da banda é inspirado em silk-screen, uma técnica artesanal de estampar camisetas. Em 2007, May, Tales e Daniel moraram no Canadá e trabalharam em uma estamparia. Algumas camisetas saíam manchadas com as digitais (fingerprints).

Os Fingerprints vem fazendo muitos shows e tocando músicas autorais. Eles já passaram por casas de show tradicionais de São Paulo, como o Hangar 110, casa de muitas bandas punk e alternativas; e o clássico Café Aurora, no Bixiga.

Eles têm bons vídeos tocando músicas próprias ao vivo no Aleluia Fest, em outubro do ano passado:

                 Obsession – a música que eles mais gostam, que deve ganhar um clipe em breve

 

                                                                                      Drama King

 

Confira a playlist e a entrevista dos Fingerprints para o Não Toco Raul:

 

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para ouvir as músicas na sequência)

“As músicas escolhidas são aquelas que estávamos com bastante vontade de tocar nos shows. Não sabemos ainda se iremos tocá-las, mas se anunciarmos um cover no show provavelmente será uma dessas. São músicas que nós quatro gostamos e que de certo modo influenciam no nosso som”, explicou Felipe.

1) The Pixies – Hey

2) Descendents – Suburban Home

3) L7 – Wargasm

 

ENTREVISTA

1) Ainda tem espaço pro punk rock no Brasil? Vocês sentem que tem onde tocar, que tem público?
Felipe: Espaço tem. E, se não tem, “faça você mesmo”! Tocando na rua, estacionamento, casa de amigos…o problema, ao meu ver, e que gerou uma extinção de bandas punks, foram os incentivos. São poucos que consomem, são poucos que não estão na lista VIP, que compram CDs e merch… Sabe, no Brasil ninguém foi educado a colaborar com arte, não importa se é música, quadros, zines, a galera não apoia e isso desmotiva geral. Não estou falando só de grana, não é essa a questão, mas para a engrenagem rodar é preciso algum tipo de estimulo. Às vezes os aplauso ou um papo pós showjá são motivo para o artista querer se superar na próxima apresentação. É assim que a arte funciona! Agora, se a banda XYZ do EUA vem tocar no Brasil com ingressos absurdamente caros, surgem roqueiros de todos os cantos para babar ovo. Vai entender…

2) Vocês já gravaram algumas músicas, certo? Dá pra ouvir na internet?
May: A banda tem relativamente pouco tempo de vida. Lançado mesmo a gente só tem um álbum ao vivo que rolou no Aleluia Fest, em outubro do ano passado. Dá pra ouvir na internet sim, no nosso Bandcamp. Também temos uns videos bem legais desse show, com a qualidade de áudio muito boa, no nosso canal do YouTube. A gente tá trabalhando no nosso primeiro EP, que vai contar com 5 músicas. Queremos lançar agora em março.

3) Quais são suas influências e inspirações pra fazer música?
May: Tem uma banda Americana que chama “Crime in Stereo” e, em uma de suas músicas, o vocalista diz: “Without a broken heart, we’ve got nothing to sing about” (“sem um coração partido, não teremos sobre o que cantar”). Eu mesma que escrevo as letras, sobre situações (ou frustrações) cotidianas, por isso algumas delas são bem pesadas, algumas até meio profundamente melancólicas. Quando lançarmos o EP, iremos também divulgar as letras. Depois que a letra é feita, a base e toda a harmonia da música é trabalhada pela banda inteira junta, dando assim um peso e uma certa agressividade num todo.

4) May, você já sofreu com machismo por ser musicista? Já rolou alguma situação em show?
May: Existe machismo sim, um tipo de interesse escroto. Pode ser alguma admiração estranha por ser uma mina na banda, mas eu quero mais é que se foda! Não vou deixar isso me limitar, por mais que encha o saco pra caralho. Acham que ser mulher é ser o sexo frágil; e quero muito poder provar o contrário. Quando eu falo para as pessoas que eu tenho banda, toco punk rock e tal, todo mundo tenta imaginar algo o mais doce possível – e eu adoro a cara de espanto de cada um quando já no primeiro acorde sai aquela sujeira podre, com um puta vocal rasgado.

5) Vocês têm vários shows marcados, estão tocando bastante. Quais são as aspirações da banda?
May: Como eu falei antes, agora a gente tá focando no nosso EP, que queremos lançar em março. Com ele lançado, vamos começar a gravar o clipe do nosso som favorito, chamado Obsession. E nesse meio tempo (claro, sempre tentando descolar mais e mais shows), de repente tocar em outros estados seria bem legal! Fazer contatos com selos, aquela correria pela qual toda banda independente acaba passando. Tocamos no Hangar no ano passsado e foi um puta show sensacional, acho que pra toda banda independente de São Paulo tocar lá é sempre uma honra. Queremos tocar de novo, obviamente, quem sabe seria até legal fazer um show de lançamento por lá ao lado de alguma outra banda consagrada pela casa. Ah, sim, vale constar que queremos ficar ultra famosos, com aquela mega pose de roqueiros doidões, pra depois (essa alias é toda a intenção da banda) nos voltarmos à igreja universal e mostrar pra todo mundo que reabilitação e servir a nosso senhor é possível sim, só necessita da ajuda de um bom, poderoso e todo bondoso pastor.

6) Aproveitem o espaço pra divulgar o que vocês quiserem!
Felipe: Monte uma banda, pinte quadro, escreva zines, abra seu próprio negócio! Faça você mesmo! Quem manda em você é SOMENTE você.
May: VEJAM NOSSO VÍDEO NOVO! E vão nos shows, tá da hora e sem escrúpulos.

 

MAIS THE FINGERPRINTS

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NTR Convida #55 – Tess Parks

Nossa convidada de hoje é a cantora, guitarrista e compositora canadense Tess Parks. Ela tem apenas 24 anos, mas já gravou um álbum e dois EPs, participou de uma coletânea brasileira em homenagem ao Oasis, fez shows em vários países e parcerias com Alan Mcgee – músico inglês que descobriu o Oasis e empresariou bandas como Primal Scream, My Bloody Valentine, Teenage Fanclub e Libertines – e Anton Newcombe, líder do Brian Jonestown Massacre, com quem gravou em Berlim no final de 2014. Na semana que vem, ela vai abrir um show da lendária banda The Jesus And Mary Chain em Birmingham, na Inglaterra. Nada mal, hein?

Tess nasceu em Toronto, começou a tocar piano com apenas 6 anos e, aos 17, foi morar em Londres com o intuito de desenvolver sua carreira na música e na fotografia. Ela tem um estilo bastante particular, que é quase um “dark folk”. São canções mais arrastadas, cheias de sentimento, falsamente calmas. Muita gente compara Tess a Patti Smith. Ela mesma cita como influências Oasis (sua banda preferida), a própria Brian Jonestown Massacre, Spacemen 3, Jesus & Mary Chain, Bob Dylan, Nirvana, Beatles, Rolling Stones. Tess tem uma pegada forte de blues e uma voz muito rouca e grave. As músicas são hipnotizantes e viajandonas. Foi no centro da capital inglesa que eu a conheci, no ano passado. Ela tocou sozinha acompanhada apenas por sua guitarra e, depois do show, montou uma banquinha para vender CDs e fotos em preto e branco de sua autoria. Se no palco Tess tem uma postura mais sombria e introspectiva, fora dele ela é a simpatia em pessoa, falante, alegre e animada.

Vale a pena conhecer seu disco de estreia, que se chama “Blood Hot” e foi lançado em novembro de 2013. Desse disco, Tess lançou um videoclipe bem bacana, para a canção “Somedays”:

Também vale conferir a coletânea brasileira “Live Forever”, feita em 2014 para homenagear os 20 anos do disco de estreia do Oasis – “Definitely Maybe”. Além de Tess, participam 16 artistas, incluindo Chuck Hipolitho, Cachorro Grande, Single Parents e Veronica Kills.

Tess escolheu uma playlist que é a cara dela e também deu uma entrevista especial para o NTR:

 

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para assistir na sequência as músicas de 1 a 4. Clique em cima da música 5 para ouvi-la.

1) Skullgroover – Black Market Karma
Uma das minhas bandas preferidas! Nós fizemos uma turnê juntos no ano passado e a parceria meio que foi continuando…provavelmente vai ser uma turnê infinita. Essa música deles é basicamente uma das minhas canções preferidas de todos os tempos.

2) The Holy Mountain – The Auras
Uma das minhas bandas preferidas de Toronto, de um ótimo selo local chamado Optical Sounds.

3) Sky Sounds – Magic Castles
Acho que estes caras são meus novos colegas de selo! Eu amo essa música, é muito bonita. Soa nostálgica.
Tess faz parte do selo 359, de Alan McGee.

4) Lucid Dreams – The Underground Youth
Banda incrível de Manchester. Eu já amava os caras desde que morava em Toronto e acabei ficando amiga dos integrantes Craig e Olya Dyer. Eles são tão talentosos e fazem uma música tão incrível. Tive a honra de tocar com eles em agosto de 2014.

5) Octo City – Velvet Morning
Me apaixonei por essa banda quando vi eles tocarem ao vivo. Nunca tinha ouvido falar deles antes. Eles são incríveis! Eles fazem música trance hipnótica como ninguém. Estou obcecada com isso.

 

ENTREVISTA

1) Você é de Toronto, mas morou em Londres por um bom tempo. Você acha que a cidade inspira sua música?
Há pouco tempo me mudei de volta de Toronto para a Inglaterra. Hoje, moro em Dartford (cidade vizinha de Londres) com meu lindo namorado. Todo lugar que eu vou me inspira e “desinspira”, na verdade. Eu gosto de me movimentar e de viajar o máximo possível para me manter sempre inspirada.

2) Você tem um álbum e dois EPs gravados. Fale um pouco mais sobre estes trabalhos.
As primeiras gravações que eu fiz foram no meu quarto, usando o Garage Band (programa de computador), sem microfone – direto no computador, mesmo.  Existem umas 300 ou 400 gravações dessas, mas decidi lançar apenas algumas delas no Bandcamp no começo de 2013 porque nunca tinha compartilhado propriamente nenhuma delas. Pelo menos não desde os tempos do Myspace, de qualquer forma. Aí eu gravei com alguns amigos em um loft onde costumávamos ensaiar e fazer jams – e acabou ficando uma coleção de gravações bem bonita, sonhadora. Eu gosto muito da sensação dessas gravações. Aí eu fui convidada para fazer um disco que seria lançado no novo selo do Alan McGee, o “359 music”, então gravei meu disco “Blood Hot” com meus melhores amigos, no porão do Thomas.  Foi um processo muito tranquilo, com muitas risadas. Sou muito grata por ter tanta gente maravilhosa na minha vida que topa tocar comigo.

3) Eu vi um show seu em Londres em que você tocava sozinha, apenas com uma guitarra. Você sempre se apresenta assim?
Normalmente eu toco acompanhada por uma banda. Mas no meio do ano passado comecei uma turnê tocando sozinha. Definitivamente, é uma vibe diferente. Eu prefiro tocar com uma banda.

4) Sua voz cantando é muito diferente da sua voz quando você conversa. Isso me impressionou quando te conheci. As pessoas costumam reparar nisso?
(Risos) Ah, sim, todo mundo repara. Acho que minha voz cantando vem de um lugar de dor. Vem bem do fundo do meu coração, visceral…eu não sei. Eu gosto de cantar. Mas não sei de onde vem essa voz. .

5) Você participou de uma coletânea brasileira em tributo ao Oasis. O que isso significou pra você?
O OASIS É A MELHOR BANDA DO MUNDO. MINHA MAIOR INFLUÊNCIA DE TODOS OS TEMPOS. Foi uma grande honra fazer parte dessa coletânea e todas as bandas fizeram um trabalho incrível com os covers.

6)  Você gostaria de tocar no Brasil?
LÓGICO QUE SIM! Eu quero tocar em todos os lugares.

7) Você acha que a indústria musical é machista?
Acredito absolutamente que existe sim machismo nela. E a música mainstream intimida e sexualiza as mulheres, é claro. Mas pessoalmente eu não tive uma experiência com isso.

8)  Como foi graver o clipe de “Somedays”? Achei muito bem produzido!
Obrigada! Este video foi feito pelos meus amigos Mark Cira e Brittany Lucas em North Ontario, na linda e antiga casa de campo dos avós do Mark. O video teve muitos feedbacks positivos e sou muito grata a eles por terem me ajudado a fazer um grande clipe.

9) No que você está trabalhando no momento? Ouvi dizer que você gravou com o Brian Jonestown Massacre (BJM)?
Tenho feito muitos shows pela Europa. Tenho um disco que vai ser lançado em abril, que gravei com o Anton da BJM, sim. Estou super empolgada, não vejo a hora! Acho que é uma obra prima.

10)  Você vai abrir o show do Jesus and Mary Chain! O que acha de tocar com eles?
Vai ser uma honra! Estou super animada! Eu amo essa banda há muito tempo.

11)  Você fotografa. É um hobby? Ou você também trabalha como fotógrafa?
Já fiz fotografia profissional e já tive minhas obras expostas. Definitivamente começou como um hobby, mas tento aproveitar toda oportunidade que tenho de publicar ou mostrar esse trabalho, ou de fotografar uma banda ou qualquer outra coisa.

12) Você sempre foi uma artista solo?
Sempre toquei sozinha e escrevi minhas músicas, mas era tímida demais para fazer show. Montei uma banda com minha melhor amiga, Annie, no Ensino Médio. Não durou muito, mas a gente fez umas músicas  legais e ela me encorajou a me apresentar. Sempre serei grata a ela por isso. Aí eu toquei e me apresentei sozinha quando morei em Londres, durante quatro anos. Quando voltei pra Toronto, montei uma banda. Eu tinha 21 anos. Sempre quis montar uma banda enquanto morava em Londres, mas na época não tinha conhecido as pessoas certas. Quando eu voltei pra Toronto, juntei alguns dos meus melhores amigos para tocar comigo. Gosto de tocar e colaborar com o maior número de pessoas possível.

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NTR Convida #54 – Dryca Ryzzo

Hoje o NTR tem a honra de receber a maravilhosa Dryca Ryzzo, cantora e compositora paulistana que começou a cantar em bandas de reggae e logo passou a se apresentar com grupos de hip-hop como backing vocal, tendo cantado com grandes nomes do gênero, como Mano Brown, Negra Li e Conexão do Morro; e tendo sido integrante do Rosana Bronks – grupo onde teve mais destaque e um clipe incrível para a música “Frenesi” – assista aqui.

Em 2012, Dryca lançou seu primeiro trabalho solo: um disco homônimo muito dançante que manteve referências ao hip-hop, mas que tem uma pegada forte de R&B e muito suingue. “Dryca Ryzzo”foi produzido por Dehco Wanlu (Jigaboo) e masterizado no estúdio Sterling Sound, em Nova Iorque, por Jay Franco. Além da gravação finíssima, a arte do CD é muito bacana – imitando uma vitrola e cheia de fotos lindas.

Do seu primeiro disco, Dryca tem dois clipes muito bem produzidos: “Não Me Diga Bye Bye”, com participação especial do rapper Rinea BV; e “Flerte”, que é simplesmente lindo e mostra a história da música e da arte pelas últimas décadas. A direção de arte e figurino dos dois vídeos foi feita por Ligia Morris, estilista americana que já trabalhou com estrelas como Lady Gaga.

Atualmente, Dryca tem feito muitos shows e está terminando seu segundo disco – que ainda não tem nome divulgado. Ela falou com o Não Toco Raul sobre o novo trabalho e nos indicou uma playlist bacana para agitar o feriado. “Selecionei músicas que curto e que ando ouvindo. Pena que são apenas cinco. Vou lembrar de mais 500 depois, mas espero que curtam!”, disse ela. Confira!

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para assistir.

1) Aloe Blacc – Soldiers In The City
“Adoro o disco todo dele – aliás, tudo o que ele faz! Sou fã e escolhi essa música pois, apesar de muitos citarem esse som como plágio de Tim Maia em ‘O Caminho do Bem’, acredito que foi uma homenagem. Ele conseguiu fazer uma versão muito boa.”

2) Beyoncé – Flawless
“O disco novo dela está incrível! Gosto de todas!”

3) Isley Brothers – Don’t Say Goodnight
“Música pra namorar (risos).”

4) “Bob Marley – Turn YourLights Down Low
“Música linda, a versão com a Lauryn hill é demais!”

5) Sabotage – Todas
“Qualquer som! Visionário e autêntico, à frente de seu tempo.”

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ENTREVISTA

1) Seu primeiro disco é R&B e dançante, bem de pista. Mas o disco novo é voltado para uma coisa mais roots e orgânica, com influências de reggae. E você começou cantando em bandas de reggae, certo? Fale um pouco sobre as influências desse novo trabalho.
Quando comecei o disco pensei muito sobre qual caminho seguir. Poderia seguir um caminho dançante, mais pop, mais conceito, mas no fim resolvi seguir meu coração. Foi realmente um resgate do que sempre escutei e sempre me influenciou. Componho muito mais neste disco, as letras que não são minhas eu mudei algumas frases e refrões. Podemos dizer que esse novo disco é realmente um reflexo do que estou vivendo hoje, uma evolução também, pois mudei muito nesses três anos que se passaram desde o meu primeiro lançamento e fiz questão de transmitir isso no disco, de colocar minhas vivências, romances, reflexões. Não teria sentido pra mim lançar algo parecido com que eu já fiz. Mas mantenho a essência do disco anterior, no conceito de misturar ritmos para fazer algo com a minha cara, sem segmentar; e fazer chegar a um resultado novo meio que na contramão.

2) Como vai se chamar o disco novo? Quantas faixas terá? Quando vai ser lançado?
Ainda não escolhi o nome e ainda não fechei as faixas, comecei querendo de 5 a 6 musicas, mas já tenho 9 prontas. Estou decidindo como vou lançar, se uma parte ou todas, acredito que sai em breve. Falta só uma música para por voz e não vejo a hora! Só posso dizer por enquanto que o lançamento será em breve, ainda nesse semestre.

3) Todas as músicas foram escritas por você? Quem produziu? O que podemos destacar desse novo trabalho?
De 9 músicas meu parceiro de longa data Rinea BV escreveu 2 e outras 2 fizemos juntos. O produtor do disco, Rick Dub, realmente foi a cereja do bolo pois eu estou amando esse trabalho. Esse novo trabalho eu posso dizer que é diferente, meio que biográfico, na verdade não quero dizer muito, prefiro que quando sair vocês me falem o que acharam e suas impressões. Só posso dizer que usamos muita alma e amor.

4) Tem alguma participação especial no disco novo?
Sim! Fiquei muito contente de poder contar com pessoas talentosas para somar neste trabalho. Já temos gravadas três participações especiais – entre elas Dom Franco, Sistah Mo Respect e Fernandinho Beat Box. Talvez role mais uma participação, mas por enquanto não posso divulgar pois não está fechado.

5) Você vai fazer show em Portugal. Como surgiu essa oportunidade e o que você espera da viagem?
Essa oportunidade surgiu da minha parceria musical com o Fernandinho Beat Box. Faremos um show juntos lá. Além de cantar as músicas novas, cantamos juntos eu e ele improvisando com músicas conhecidas brasileiras e internacionais. Estou muito feliz, quando começamos a cantar não temos dimensão de onde a música pode nos levar; e saber que vão ouvir meu som em outro país é incrível! O show será em abril e não vejo a hora!

6) Fala um pouco do seu passado, você cantou com vários artistas importantes do rap. Quais parcerias mais marcaram sua carreira? Nos últimos anos você participou de shows do Dexter e do Marcelo D2 e já fez parte do Rosana Bronks.
Ah, teve várias pessoas que marcaram pra mim, pois a maioria deles eu era fã, escutava em casa enquanto sonhava com os palcos. Sou muito honrada e grata a todos por me darem oportunidade. Cantar no mesmo palco que Mano Brown pra mim foi um grande aprendizado, toda a familia Racionais, Rosana Bronks, Conexão do Morro me ensinaram muito, como me portar, como encarar um público grande etc. O show que fiz com o Dexter no SESC Belenzinho também marcou. Conhecer e poder cantar com o Fernandinho Beat Box me abriu muito a mente também, sobre como ter seu próprio estilo mas ser ousado em transitar por outros sem se descaracterizar, ser versátil, ele faz isso muito bem, consegue colocar o estilo dele somando com artistas de estilo distintos, de Marisa Monte a Badhi Assadi.

7) Você vai retomar a parceria com a Ligia Morris? Como é trabalhar com ela?
Sim, vou! Sou uma grande admiradora do trabalho dela e gosto que a arte esteja em tudo o que faço, tanto pra se ouvir quanto pra se ver. Amo fazer clipes, se pudesse faria um de cada som. Ela é muito talentosa e temos muita sintonia quando trabalhamos juntas. É uma grande honra poder trabalhar com ela.

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Agenda:
06/03 – São Paulo – Fábrica de Cultura (Capão Redondo)
17/04 – Portugal
28/05 – São Paulo

“This song is fucking over!” – Foo Fighters no Brasil

Crédito das fotos: Foo Fighters Brasil

Ontem o Foo Fighters, banda que dispensa apresentações, fez seu último show da turnê brasileira em Belo Horizonte. Eles também tocaram em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Acompanhei o show em São Paulo, no Estádio do Morumbi, dia 23. E gostaria de deixar algumas considerações sobre a visita da banda ao nosso país – mais especificamente sobre o show que assisti.

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1) Foi a primeira vez em 20 anos de banda que os Foo Fighters fizeram uma turnê brasileira e tocaram em shows próprios, fora de festivais.
As outras passagens do grupo pelo país aconteceram no Rock in Rio de 2001 e no Lolapalooza de 2012, em São Paulo. Com o show exclusivo, puderam tocar por muito mais tempo. Os shows duraram cerca de três horas, contando com músicas de toda a carreira da banda e até alguns covers de clássicos do rock – como Rush, Queen e Kiss.

2) Dave Grohl voltou a tocar no Estádio do Morumbi depois de exatos 22 anos.
O Nirvana tocou no mesmo local em janeiro de 1993. Foi um show histórico, mas foi um desastre! Na época, o Nirvana era “a maior banda de rock do mundo” e as expectativas eram grandes. A apresentação em São Paulo foi recorde de público de toda a história da banda – com mais de 80 mil pessoas! Então imagine qual não foi a surpresa dos fãs brasileiros ao se depararem com o Kurt tão chapado que mal conseguia tocar. Foi parecido com o que aconteceu quando a Amy Winehouse fez show aqui. Ele errou todas as letras e todos os acordes, não conseguia cantar ou tocar uma música até o fim. A banda acabou tocando vários covers no improviso, uma hora Kurt foi pra bateria, Krist para a guitarra e Dave Grohl para o baixo. Até o Flea do Red Hot Chilli Peppers e a Courtney Love invadiram o palco. Mas tudo parecia uma grande ~zoeira~, a maior parte do público ficou puta da vida e foi embora na metade do show – enquanto alguns outros presentes acharam tudo aquilo muito “punk rock engraçado atitude radical” e consideram o show genial. No final das contas, o show ficou conhecido como “o pior da carreira do Nirvana”.

3) APENAS inaugurando o Maracanã.
O show dos Foo Fighters no Rio, no dia 25, foi o primeiro grande show realizado no “novo” Maracanã, após a grande reforma do estádio para a Copa do Mundo. Nada mal tocar em um dos mais legendários estádios do mundo, hein? Aliás, se ter 20 anos de estrada, uma porrada de hits e músicas realmente boas, lotar estádios no mundo todo, continuar relevante e produtivo e, principalmente, construir uma banda forte o bastante pra ofuscar o rótulo de “baterista do Nirvana” é ser medíocre, então eu não sei o que é ser bom. #hatersgonnahate #beijinhonoombro

4) O pedido de casamento do “Vulcão Vesúvio” foi demais.
Na parte mais calminha do show no Morumbi, com Dave tocando algumas músicas em versão “voz e violão” (Skin and Bones e Wheels), o sortudo Vinícius subiu ao palco e pediu sua namorada Mônica em casamento na frente de um público de mais de 55 mil pessoas. Ela disse sim, o estádio inteiro vibrou, Dave foi super simpático e até abraçou os dois – mas era incapaz de pronunciar o nome do noivo. Dave insistia em dar os parabéns para o “Vesuvius”, ao invés de “Vinícius”. A tempo: Vesúvio é o nome do famoso vulcão italiano que destruiu a cidade de Pompéia. Veja o pedido de casamento aqui.

 

5) “This song is fucking over!”
A penúltima música do show no Morumbi foi o grande hit “Best of You”. Ao final da canção, a plateia continuou a entoar o coro “Ooooh”. Foi bonito. O estádio estava todo iluminado com lanternas de celular, as luzes baixaram, a banda silenciou, ficou só o público cantando junto. Dave Grohl se emocionou, elogiou. A banda retomou a canção e encerrou de forma triunfal. Aí os fãs teimaram em continuar o coro de novo, porque, afinal, THE ZOEIRA NEVER ENDS – HUE BR. Dave deu risada e entrou na brincadeira. “Cara, para de cantar! Sério, já deu!”. Mas a galera não parava. Aí o cara não aguentou: “This song is fucking over!!!” – e faz todo mundo rir de novo.


10487594_831562140238891_9211674635548643925_n6) Dave Grohl caiu de bunda na frente de todo mundo.

O Foo Fighters tinha acabado de entrar no palco e ainda estava tocando a primeira música do show – “Something for Nothing”, do último disco da banda, “Sonic Highways”. De repente, Dave Grohl escorrega e leva o maior tombo, caindo de bunda na frente do estádio inteiro, com os holofotes nele. Mas Dave foi ligeiro. Levantou rapidinho, não perdeu a pose (ainda que tenha tentado disfarçar com um soco no ar), continuou tocando e batendo cabeça como se nada tivesse acontecido. Veja o tombo aqui.

7) São Pedro é fã dos Foo Fighters.
Foi um dia chuvoso em São Paulo. A chuva não teve dó dos shows de abertura. Caiu sem parar durante as apresentações do Raimundos e do Kaiser Chiefs. Mas, milagrosamente, parou assim que os Foo Fighters começaram a tocar. O que caiu de chuva durante o show deles foi uma leve e quase imperceptível garoa. Ironicamente, assim que o show acabou, a chuva voltou forte – e atrapalhou os fãs na volta pra casa.

8) Os fãs criaram um mar de luzinhas.
Bem no meio do show, na agitada “Monkey Wrench”, a banda conseguiu encaixar uma jam piração total com ares de post rock bem lenta e demorada. Já tava até batendo um soninho, mas aí a plateia começou a empunhar os celulares e acender suas lanternas. Segundos depois, todo o estádio estava coberto por um mar de luzinhas. Com a iluminação do palco e do estádio baixas e aquela atmosfera mais relaxada e viajandona, parecia até um céu coberto de estrelas. Ficou tão bonito que despertou a banda do transe. Dave Grohl mandou um “This is fucking beautiful”, parou tudo e finalmente retomou a canção com o peso e os berros de sempre.

10955340_833413630053742_2802382623175156633_n9) Dave é humildão.
No começo do show Dave prometeu tocar músicas de toda a carreira da banda, que esse ano comemora seu aniversário de 20 anos (!). Ele parecia super feliz e brincou com a plateia sobre qual seria o melhor álbum do grupo. “Vamos tocar músicas do primeiro disco, o que vocês acham?!” – e a galera pira. “Do segundo também! E do terceiro e do quarto!”, continuou ele. O público gritava, aplaudia e berrava o nome de algumas músicas. Aí ele disse “E do quinto álbum? Hummmm…esse é mais ou menos, né?”. Hahahaha!

10) Cool covers.
Teve cover. Teve muito cover. Segundo Dave Grohl, a banda só queria se divertir e mostrar pros fãs alguns sons que eles curtem, de bandas que os influenciaram. Daí o Foo Fighters tocou Queen (duas vezes), Rush, Faces e Kiss. Foi legal, bacana. É importante mesmo resgatar as raízes e mostrar coisas legais de rock clássico pro público mais jovem. Mas acho que eles passaram do ponto. Um ou dois covers já estaria mais do que bom. O Foo Fighters tem um repertório gigantesco e não precisa inventar tanta moda – ainda mais em um país como o Brasil, que não costuma recebê-los com tanta frequência e tem um público sedento pelas músicas próprias da banda, que deixou alguns de seus próprios clássicos de lado. Mas foi super bacana ver o Dave Grohl tocando bateria enquanto o Taylor Hawkins cantava. E nessa hora a banda tocou na passarela que passava bem no meio da pista, ficando bem no centro do estádio e mais próximos à turma da pista comum, das cadeiras e das arquibancadas – o que foi muito legal.

11) Tira o pé do chão!!!
No show do Morumbi o Foo Fighters deu um pau na galera do axé no quesito “fazer a galera pular”. As músicas mais pesadas agitaram tanto a plateia que se você estivesse nas cadeiras e arquibancadas podia sentir o chão tremer. Deu medo, mas foi legal.

1907939_833414420053663_6050835836132378578_n12) Ninguém conhece “I’ll Stick Around”.
Nunca me senti tão velha na vida. Vi o show de longe, da arquibancada, porque era o ingresso mais barato que tinha e eu estava falida. Não sei se nos outros setores foi diferente, mas quando os Foo Fighters tocaram “I’ll Stick Around” NINGUÉM conhecia a música. Sério. Eu era a ÚNICA alma viva cantando, pulando e parecendo curtir naquele momento. “I’ll Stick Around” está no primeiro disco da banda, de 1995 (aquele com o revólver na capa). É uma música bem importante pra carreira do Dave Grohl, criticando as pessoas que não aceitavam que ele tocasse em frente depois da morte do Kurt Cobain e do fim do Nirvana. Anos depois, ele admitiu que a inspiração da música foi a Courtney Love.

13) O improviso foi um pouco demais.
Ficou repetitivo – e bastante cansativo – o esquema de sempre esticar as músicas com jams piradonas no meio. A banda fez isso em vários momentos do show. Acontece que boa parte dos sucessos do Foo Fighters são músicas mais agitadas, pesadas e rápidas. Então a pausa no meio, que se arrastava por vários minutos diminuindo drasticamente o andamento da canção, acabava saindo arrastada e sonolenta. Considerando que o show em São Paulo teve quase três horas de duração, fazer o povo cansado de pé há horas ver várias jams “viajandonas” assim foi demais. O ânimo despencava – a plateia só voltava a vibrar com a retomada dos refrões – e muita gente acabou reclamando. “Que porra é essa? Foo Fighters agora é banda de rock progressivo?”, “Caralho, que sono” e “Para de enrolar, porra!” foram apenas alguns dos comentários que eu ouvi.

14) O carisma do Dave Grohl é mesmo contagiante.
Haters gonna hate. O sucesso dos Foo Fighters e do Dave Grohl incomoda muita gente; e possivelmente o fato de o cara ser realmente muito legal incomoda muito mais. Durante todo o show em São Paulo Dave conversou bastante com o público, fez muita piadinha, agradeceu, sorriu, foi extremamente simpático e carismático. Não é pra qualquer um. A maioria dos grandes rockstars do tipo, aliás, é bem azeda. Dave enrolou uma bandeira do Brasil no pescoço, elogiou o público e o país várias vezes e conseguiu fazer a gente rir no meio de um show de rock que lotou um estádio com uma das bandas mais populares do mundo.

10440272_833414070053698_1571223756572416925_n15) Quem gostou do disco novo?
A maioria dos fãs não se empolgou muito com as músicas do último disco da banda. “Sonic Highways” é o oitavo álbum dos Foo Fighters e, depois do estouro que foi “Wasting Light”, realmente soa meio fraco. O projeto, entretanto, é bem legal; e rendeu uma série de televisão que funciona como um documentário em capítulos – e que foi dirigida pelo próprio Dave Grohl. Cada canção do disco foi gravada em um estúdio diferente – em diferentes cidades dos Estados Unidos que são berços de algum estilo musical – e conta com a participação de algum músico importante para aquela cena. A série também traz entrevistas com gente de peso como Steve Albini, Ian MacKay, Bad Brains, ZZ Top, Thurston Moore, Dolly Parton e até o presidente Barack Obama! Sonic Highways é uma produção da HBO e, no Brasil, está sendo transmitida pelo canal pago BIS. A série segue no caminho do documentário “Sound City”, de 2013, que também foi dirigido por Grohl e acabou aclamado pela crítica e premiado com um Grammy. Ele conta a história do estúdio Sound City e a grande influência que o lugar teve na história da música americana e do rock, entrevistando vários artistas, produtores, engenheiros de som etc. Vale muito a pena assistir!

16) Bem acompanhados.
As bandas de abertura escolhidas à dedo para acompanhar os Foo Fighters no Brasil não fizeram feio. O Raimundos ainda é bom e trouxe uma nostalgia gostosa para o público presente. Provavelmente uma das melhores bandas de rock do Brasil. Já o Kaiser Chiefs é a banda mais subestimada do mundo, na minha opinião. Os caras têm vários hits, fazem shows incríveis, dão o sangue no palco, levantam a galera, têm uma super energia…e não recebem reconhecimento nenhum. Merecem mais crédito. Um exemplo disso é o show que eles fizeram no festival Lollapalooza em São Paulo no ano passado – disparado o melhor show do evento inteiro.

Clique aqui para ver o show do Foo Fighters no Morumbi na íntegra. O vídeo trava bastante, mas pelo menos já dá para matar as saudades.

Volta logo, Dave!